QUINTA POSTAGEM

Muitas são as preocupações de um profissional da educação, muito se fala em qualidade e sempre, em todos os discursos sobre planejamento, ouvimos a frase:

“-É preciso conhecer a realidade de nosso aluno!”

Mas o que é de fato conhecer a realidade do aluno?

Digo a vocês que em abril, fez dois anos que estou na escola onde hoje realizo meu estágio. Conheço quase todo mundo, converso com todos, mas jamais havia entrado na vila(na invasão) atráz da escola, onde mais da metade de nossas crianças moram. Então, cheguei à conclusão que: Como poderia falar de comunidade, de moradia, de meio social, sem conhecê-lo?

...É relevante fazermos referência à denominação do estudo da História nas séries iniciais: Estudos Sociais – ora o que se faz – Estuda-se o social, e como estudar o social sem ir até ele: passear pela comunidade, conhecer um sítio arqueológico com as crianças e desenvolver, de forma incorporada ao currículo, o que o Padrão Referencial de Currículo do Estado denomina como atitudes...

Simone Valdete dos Santos

Na última semana de abril, aventurei-me então em um passeio por lá e pude perceber detalhes do cotidiano dos alunos, que influenciam a vida escolar, tais como a proximidade das casas, a quantidade de pessoas que dividem o mesmo espaço habitacional, que se conhessem intimamente, mesmo não tendo parentesco entre si, a condição econômica, que nem sempre é como se imagina em uma comunidade teoricamente muito pobre e que esta condição pode vir de formas bem diversas, etc.

Privilegiar a História de vida e a História social dos alunos e das alunas, acompanhar datas significativas para seu grupo social, compreender a História como instrumento de identidade e conscientização do grupo, sobre seu papel na História, enquanto sujeitos e objetos da História.

Simone Valdete dos Santos

Se o planejamento deve estar conectado com a realidade do aluno e se esta realidade, não refere-se apenas a questões etárias ou psicológicas, como atingir tal conhecimento, sem pré – conceitos ou um olhar romântico a respeito.

O planejamento em estudos sociais, mais do que em qualquer outra área de conhecimento, deve ser flexível, para incorporar, em seu processo, não apenas o imprevisto daquilo que pode ser encontrado no caminho singular de cada aluno, das perguntas que cada um elabora, das formulações diferenciadas daquilo que havíamos imaginado, já que a diversidade do funcionamento humano está implícita no processo. Mas, esse planejamento deverá ser, por princípio, flexível e aberto, porque deve incorporar a dinâmica sociocultural do processo histórico, da história presente, que se mostra no dia-adia, inundando-o de informações, muitas vezes confusas. À escola cabe dar conta de elaborar, de implementar uma leitura crítica, de tornar esse presente mais claro, de instrumentalizar progressivamente os alunos com ferramentas necessárias para compreender e se posicionar diante dessa complexidade.

Maria Aparecida Bergamaschi

Posso resumir minha aprendizagem desta postagem como a descoberta de um caminho, não desconhecido, pois muito se fala dele, mas inexplorado, já que tradicionalmente nosso trabalho de professor está amarrado aos muros da escola.

Bibliografia:

· Bergamaschi, Maria Aparecida. Do acaso à intenção em Estudos Sociais. Disponível em: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo4/estudos_sociais/do_acaso_a_intencao.pdf

· SANTOS, Simone Valdete dos. O ensino da História nas séries iniciais - um olhar desde a perspectiva curricular integradora. Artigo publicado na revista da UNISC
Santa Cruz do Sul, v. 4, n. 1-2, p. 91-103 jan. 1998.