sexta-feira, 16 de abril de 2010

SEGUNDA POSTAGEM

Nesta segunda postagem, gostaria de falar de algo que está sendo um aprendizado e um desafio: O planejar em longo prazo.

Tenho alguns anos de magistério e sempre fiz planejamento para minhas aulas, mas nunca havia experienciado planejar para um tempo tão longo.

Não sei como é para as outras pessoas esta questão do planejar, mas para mim, sempre planejei com dois ou três dias de antecipação, muitas vezes, de um dia para o outro.

No ensino fundamental, temos um conteúdo fixo e prazos estipulados e por este motivo, acredito ser mais tranquila esta organização. Mas na educação infantil, tudo é muito flexível, precisamos nos fazer compreender e prender a atenção dos alunos. Por isso, se hoje, meu planejamento deixou dúvidas quanto a sua eficácia, amanhã, não posso incorrer no mesmo erro e ele precisa ser reformulado. Por isso, torna-se muito mais prático, ter cosciência dos objetivos que desejamos atingir, mas irmos moldando este planejamento conforme os resultados que ele vem apresentando.

Mas o fato é que neste momento, devo priorizar o planejamento “bem antecipado” e embora esteja tendo uma dificuldade que eu não chamaria de pequena, trata-se de um desafio o qual estou me empenhando em vencer, já que amarrados ao planejamento existem muitas outras questões, as quais o educador precisa preocupar-se e que no corre-corre do dia-a-dia, podem passar despercebidas ou simplesmente caírem em descaso.

Planejamento é elaborar - decidir que tipo de sociedade e de homem se quer e que tipo de ação educacional é necessária para isso; verificar a que distância se está deste tipo de ação e até que ponto se está contribuindo para o resultado final que se pretende; propor uma série orgânica de ações para diminuir esta distância e para contribuir mais para o resultado final estabelecido; executar - agir em conformidade com o que foi proposto e avaliar – revisar sempre cada um desses momentos e cada uma das ações, bem como cada um dos documentos deles derivados (Gandin apud RODRIGUES, 2001. Pag. 59-65 e 72-73 ).

RODRIGUES(2001), exclaresse que “em outras palavras, "planejamento é processo constante através do qual a preparação, a realização e o acompanhamento se fundem, são indissociáveis". Ao revisarmos uma ação realizada, estamos preparando uma nova ação num processo contínuo e ininterrupto.”

A maioria dos professores sabe para que serve um planejameto, concorda com sua realização e de alguma forma o faz. No entanto, existem alguns passos básicos para um planejamento, independente do método ou dos pressupostos teóricos que se basei o educador. Passos estes, que percebi estarem falhos, não só em minha prática profissional, mas também neste princípio de estágio. Segundo RODRIGUES(2001), são:

• objetivos é preciso explicitá-los, tendo como questões básicas “o quê” e “para quê”;

• justificativa toda proposta tem uma origem, um porquê;

• temática apresentação do eixo integrador;

• estratégias momento do "como" ser explicitado;

• localização onde será desenvolvido? Para quem? É importante esta caracterização, deixando esclarecido o contexto;

• recursos qual o apoio necessário, em termos de materiais, meios a serem utilizados;

• avaliação como acompanhamento permanente do processo, revelar os indicadores, critérios de avaliação.

Pensar neste modo de planejamento, não como uma perda de tempo, mas como uma preparação para o próximo ou a própria criação deste. Assim como aceitar o mutável, as coisas que independem de nossa vontade, com tranquilidade e equilibrio, podem parecer hoje, em meio a tantos afazeres, prazos, etc; algo impraticável, mas conforme JOHN DEWEY:

"Idealizar e racionalizar o universo em geral é uma confissão de incapacidade de dominar os cursos das coisas que especificamente nos dizem respeito".

Tudo ainda está muito confuso. A insegurança e a falta de tempo têm peso de ouro. Penso que se não agora, mas daqui a algum tempo, estas experiências e toda esta busca possam servir e muito para concretização de uma aprendizagem sólida e que faça toda diferença em minha prática profissional. Para isso, tenho revisto texto e trabalhos, buscado novas leituras, mas principalmente, registrado os fatos, as mudanças e as reações a partir de meu trabalho, para que eu consiga ter um melhor entendimento, amadurecer idéias, modificar para melhorar a aprendizagem, minha e de meus alunos.

Madalena Freire apud RODRIGUES(2001) diz que:

O diário torna-se importante instrumento de reflexão constante da prática do professor. Através dessa reflexão diária ele avalia e planeja sua prática. É também importante documento, onde o vivido é registrado, com a colaboração dos alunos. Neste sentido, educador e educando, juntos, repensam sua prática.

Pensar sobre o planejamento na educação infantil, não deveria ser algo tão complicado, pois penso que, esta flexibilidade e liberdade de trabalhar com o ludico, com o prazeroso é que apresentam o diferencial mais positivo da educação infantil. No entanto, perceber que tanto a escola infantil, quanto os professores da educação infantil são extremamente discriminados e desqualificados da condição de escola, deva também passar por esta visão do descompromisso com o planejar, embora não seja uma verdade absoluta.

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação ( REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. vol. 1 Pag. 41).





RODRIGUES, Maria Bernadette Castro. Planejamento: em busca de caminhos. In: XAVIER, Maria Luisa; DALLA ZEN, Maria Isabel (Orgs.). Planejamento em Destaque: análises menos convencionais. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2001. P. 59-65 e 72-73.

Revista Nova Escola. Edissões Impressas, John Dewey - O pensador que pôs a prática em foco. Edição Especial | 07/2008. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/john-dewey-428136.shtml

REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL INTRODUÇÃO. PERFIL PROFISSIONAL. VOLUME 1. Brasília, 1998. Pag 41.

Um comentário:

Catia Zílio disse...

Olá Salete!
Teu registro apresenta o grande investimento que tens feito ao pensar sobre tuas aprendizagens neste momento do PEAD.
Mais uma vez aparece tua reflexão sobre a desvalorização das professoras da Educação Infantil e teu desejo de mudar esta forma de ver teu trabalho, o que para mim é muito importante e merece destaque.
Ao ler tuas reflexões e as fundamentações teóricas que apresentas lembrei-me de Madalena Freire, e antes de ver que ela também era citada por ti fui procurar algo para te indicar. Achei algo que ao final da tua escrita resume a impressão que tive sobre esta tua segunda postagem do semestre:
"Educador ensina,e enquanto ensina aprende.
Educador ensina a pensar,e enquanto ensina sistematiza e apropria-se do seu pensar. Pensar é o eixo da aprendizagem" Madalena Freire(disponível em http://www.ntesm.rs.gov.br/madalena.htm
Continue investindo em tuas reflexões, lembrando que por estarem disponíveis na web podem contribuir para as reflexões de outros educadores.
Abraços, Cátia