terça-feira, 30 de novembro de 2010

1ª NOVEMBRO – 7º SEMESTRE

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

Escolhi a disciplina de Eja, desenvolvida no sétimo semestre, para esta postagem, pois me apresentou uma realidade completamente desconhecida para mim e ao mesmo tempo muita parecida com minha realidade profissional, já que tanto Eja quanto educação infantil, durante muito tempo estiveram a margem das políticas públicas em educação e ainda hoje recebem um olhar secundário.

A modalidade de ensino do Eja, não veio somente para substituir antigos sistemas como Mobral e ensino supletivo ou tão somente alfabetizar, mas segundo Parecer CNE/CEB nº 11/2000 redefine as funções do ensino supletivo constantes do Parecer CFE nº 699/72 e atribui à EJA três funções básicas (BRASIL, 2000, p.30-39):

· A função reparadora constitui-se entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade e o reconhecimento de igualdade de todo e qualquer ser humano.

· A função equalizadora aplica-se àqueles que antes foram desfavorecidos quanto ao acesso e permanência na escola, devendo receber, proporcionalmente, maiores oportunidades que os outros, para ter restabelecida sua trajetória escolar de modo a readquirir a oportunidade de um ponto igualitário no jogo conflitual da sociedade.

· Por último, a qualificação, mais do que função, é o próprio sentido da EJA. Tem como base o caráter incompleto do ser humano que busca atualização em quadros escolares e não escolares. Jovens empregados, subempregados ou não, podem encontrar nos espaços e tempos da EJA, nas funções reparadora, equalizadora ou qualificadora, um lugar de melhor capacitação para o mundo de trabalho, construindo conhecimentos, habilidades, competências e valores.

Muitos brasileiros precisam freqüentar as salas de Eja, dada a histórica diferença social e cultural que nos estratifica, sendo assim, nada mais justo de que mesmo fora do período regular de ensino, consigam encontrar espaço, qualidade e conhecimento. Mas ao que parece, a tarefa não é fácil, pois o trabalho com adultos, que tem todo um histórico de vida, trabalho, família, entre outros, é preciso um profissional da educação que atente para bem mais que as questões de aprendizagem. OLIVEIRA (1999) nos diz que:

Embora nos falte uma boa psicologia do adulto e a construção de tal psicologia esteja, necessariamente, fortemente atrelada a fatores culturais, podemos arrolar algumas características dessa etapa da vida que distinguiriam, de maneira geral, o adulto da criança e do adolescente. O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas. Com relação a inserção em situações de aprendizagem, essas peculiaridades da etapa de vida em que se encontra o adulto fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e, provavelmente,

maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem.

Da mesma forma, para que assim possam ter reais possibilidades de competir no mercado de trabalho. Segundo o Parecer CEB nº 15/98:

O trabalho é o contexto mais importante da experiência curricular (...). O significado desse destaque deve ser devidamente considerado: na medida em que o ensino médio é parte integrante da educação básica e que o trabalho é princípio organizador do currículo, muda inteiramente a noção tradicional da educação geral acadêmica ou, melhor dito, academicista. O trabalho já não é mais limitado ao ensino profissionalizante. Muito ao contrário, a lei reconhece que, nas sociedades contemporâneas, todos, independentemente de sua origem ou destino profissional, devem ser educados na perspectiva do trabalho...

Mas sabemos que as dificuldades enfrentadas por esta modalidade de ensino comprometem este preceito, já que ainda possui muitos profissionais sem formação, pouca oferta de vagas, altos índices de analfabetismo e evasão escolar e disparidades quanto à distribuição dos recursos e do comprometimento do Estado quanto a sua oferta e manutenção.

Pensando em minha prática profissional, esta disciplina me trouxe conhecimentos mais amplos da profissão decente, já que não atuo na área, os profissionais do EJA pertencem à mesma classe que eu, além disso, muitos dos pais e mães de meus alunos estudam no EJA.

Mas como cidadã e estudante, este estudo foi muito importante, por seu caráter crítico- reflexivo me fez pensar sobre muitas verdades educacionais e sociais que não compreendemos, mas que estão presentes e precisam ser pensadas de fato e da direito.

REFERÊNCIAS:

· OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e aprendizagem. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999.

· GIROUX, Henry. Alfabetização e a pedagogia do empowerment político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura da palavra, leitura do mundo. 3. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. P. 1-27.

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