domingo, 28 de novembro de 2010

3ª OUTUBRO – 6º SEMESTRE

FILOSOFIA

No sexto semestre desenvolvemos os trabalhos da disciplina de Filosofia, que para mim, foi uma das mais importantes e interessantes de todo o curso.

Os textos selecionados pelos professores, as discussões através dos fóruns, os trabalhos baseados nos textos, em filmes e até mesmo sobre a opinião dos colegas, no meu entendimento, foram de uma profundidade que poucas vezes se consegui, já que a modalidade de nosso curso oferece pouco tempo e pouca interação entre o grupo, tornando-se difícil os momentos de diálogo, de conhecimento das concepções de mundo, de sociedade, de moral e outros, que coexistem em nossa turma.

Os textos de Kant e Adorno trouxeram uma discussão bastante pertinente a nossa prática profissional e a sociedade em que vivemos, pois apresentam opiniões contrarias a respeito da essência humana, mas bastante próximas ao apresentarem a educação como única forma da humanidade conseguir manter sua integridade e moral.

O homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz. Note-se que ele só pode receber tal educação de outros homens, os quais a receberam igualmente de outros. Portanto, a falta de disciplina e de instrução em certos homens os torna mestres muito ruins de seus educandos”.

Também considerei muito interessante, os dois autores mencionaram a importância da educação infantil (área em que atuo profissionalmente), já que Kant morreu a mais de duzentos anos e Adorno a mais de quarenta, mas a educação infantil ainda não é vista com tal importância.

“Mas isso deve acontecer bem cedo. Assim, as crianças são mandadas cedo à escola, não para que aí aprendam alguma coisa, mas para que aí se acostumem a ficar sentadas tranqüilamente e a obedecer pontualmente àquilo que lhes é mandado, a fim de que no futuro elas não sigam de fato e imediatamente cada um de seus caprichos.”(Kant,2004).

No texto: O dilema do antropólogo francês, pudemos debater sobre o princípios morais, que segundo Hare, são “regras que guiam a ação”. Este texto provocou muitas dúvidas, já que trazia de um lado questões éticas da profissão e de outro, valores morais e sociais, nos fazendo pensar sobre o poder que nossas ações podem ter sobre a vida de outras pessoas e a necessidade de pesar as intenções e os resultados de forma ética.

Estendendo este tema para as salas de aula, pensamos sobre o filme O clube de Imperador, que trata do poder que o professor tem em suas mãos e a forma como ele toma suas decisões, cria seus critérios, lida com seus princípios morais de ética profissional, justiça e honestidade.

Todas estas questões morais têm firme ligação com nossas posições, com as escolhas que fazemos e estas por fim são resultados de tudo que somos. Por isso a grande importância do autoconhecimento, tão fácil de falar e tão difícil de realizar, já somos um somatório de tudo que vivemos, aprendemos e recebemos de herança e não raramente somos surpreendidos por nossas ações, pensamentos ou intenções.

A introspecção revela-nos apenas aquele pequeno segmento da vida humana que é acessível à nossa experiência individual. Nunca poderá cobrir todo o campo dos fenômenos humanos.

Mesmo que conseguíssemos coletar e combinar todos os dados, teríamos ainda uma imagem pobre e fragmentária – um mero esboço - da natureza humana. (Ernst Cassirer)

Importante ressaltar, que todas estas discussões sobre temas bastante complexos, visavam além da apropriação dos conhecimentos levantados nos textos, ainda suscitar o poder argumentativo, criando espaços e mostrando os passos para tal construção.

Não se trata de saber falar, mas de falar com propriedade; não se trata de apenas discordar ou concordar, mas sim de dizer o porque da posição. Muitas vezes, ou na maioria das vezes, tratamos de temas importantes tanto profissionais, pessoais ou academicamente, de forma rasa, sem um real conhecimento daquilo que nos arriscamos a discutir, sem buscar fontes que nos permitam conhecer para debater.

De fato, a filosofia é algo fascinante, pois iniciamos a pensar em algo muito longe de nós no tempo e no espaço e acabamos por descobrir que na verdade, tudo sempre também está em nós, nunca estamos isentos. Acredito que além de todas as aprendizagens já expostas aqui, outra grande lição que todos estes temas pensados durante a disciplina de filosofia nos trouxe foi à necessidade de nos “comprometermos”. Precisamos escolher optar, receber ou pagar segundo estas escolhas.

BIBLIOGRAFIA:

· ADORNO, Theodor W. A Educação após Auschwitz. In:___. Sociologia.São Paulo: Ática, 1986, p.33-45.

· KANT, Immanuel. Introdução. In:______. Sobre a pedagogia. Piracicaba: EDUNIMEP, 2004, p. 11-36.

· CASSIRER, Ernest. Antropologia e Filosofia. Trad. Vicente Felix de Queiroz. Ed. Mestre Jou, 1972.

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