quinta-feira, 7 de maio de 2009

ESPELHO MEU

Ao me deparar com uma proposta de me olhar no espelho, na hora pensei: “ Mais uma bobagem. Lá vem blablabla!”. Não estou acostumada a parar para me olhar, não da forma proposta. Acredito que a maioria das pessoas não tem esse costume.
Mas percebi que isso é questão de exercício. Comecei timidamente, reparando coisas que qualquer um repararia e fui melhorando minha percepção aos poucos, mas derrepente pude perceber algo que já tinha ouvido, mas nunca aceitei como uma realidade, mas encontrei no fundo dos meus olhos a preocupação, o desassosego e uma ponta de tristeza. Não sei de onde vem, acho que sempre estiveram ali e fazem parte de mim, como meus rins,meu coração, etc.
Isso tudo pode parecer como disse antes, apenas “blablabla”, mas esse não olhar, não se restringe apenas a minha imagem, mas a muitas coisas que eu da mesma forma também não via.
A medida em que fui lendo os textos, debatendo assuntos com colegas, pesquisando e aplicando estes conhecimentos, comecei a ver muitas coisas que sempre me pareceram normais, simples e sem necessidade de maiores questionamentos. Entre estas coisas estão a necessidades de se debater as diferenças etnicas e raciais dentro de uma sala de aula de educação infantil, que é o meu espaço profissional.
Sempre reconheci a influência familiar nos costumes e nos preconceitos que formam uma criança, assim como também sempre estive atenta as manifestações preconceituosas das famílas que acabavam por invadir o espaço escolar, mas nunca me detive a observar as falas dos alunos, aquelas mais expontânes possíveis e perceber que são carregadas de uma cultura racista.
Ainda penso que as crianças são sim ingênuas e não sabem muitas vezes do que estão falando, mas compreendo também que as crianças com toda sua doçura, conseguem agir com uma crueldade profunda. Então, esta crueldade acaba por ficar impregnada tanto na criança que é agredida, quanto na que agride, marcando sua infância e sua história. Percebi que este é um movimento natural da vida e que acaba por dar origem as mágoas, ao ódio, a intolerância e as violências que atravessam as relações sociais.
Não penso que o inicio dos problemas da humanidade com a intolerância dos povos se deu nas escolas infantis, mas acredito que muito disto pode ser superado através da educação e quanto mais precoce for esta intervensão, melhor!

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