segunda-feira, 5 de abril de 2010

PRIMEIRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTÁGIO


Como relato inicial deste semestre, gostaria primeiramente de falar ou desabafar sobre as dificuldades, mudanças e incertezas deste primeiro momento do estágio.

Acredito ser natural um pouco de insegurança de nossa parte, quanto a nosso estágio, que por sí só, já representa um desafio. Contudo, as inovações de um curso à distância, que pode ser realizado na própria turma de regência, tem gerado entraves burocráticos quanto com a confirmação da permição para ele. Além disso, os problemas com a efetivação de nossa matricula, tem dado um toque muito mais grave a esta insegurança.

Mas é claro que nem tudo está tão mau, que não possa piorar!

Após eu ter me preparado, apresentado e pesquisado para realização do estágio em uma turma de pré-maternal, acabei trocando de turma no dia 26/03/2010, quase sem tempo para novas observações, pesquisas, etc.

Iniciei minhas atividades na turma do Jardim, no qual passei a ser Regente, no dia 01/04/2010, na última quinta-feira. Neste dia, por estarmos com poucas crianças e ser vespera de feriado, apenas aproveitamos para conversar, brincar e coletar algumas informações.

Esta turma de Jardim, não é desconhecida para mim, assim como não sou nenhuma estranha para eles. A grande maioria dos alunos, já foram meus no ano passado, mas este novo olhar, com objetivos que vão além do trabalho de sala e buscam responder a questionamentos trazidos pelos professores do PEAD sobre a turma, a sala, a escola e a comunidade me fizeram olhar para estas crianças e perguntar quem de fato elas são.

O conhecimento adquirido através das reuniões de pais, das conversas na rodinha e dos “papos” informais com mães e pais na porta da sala, embora valiosos, não correspondem mais ao máximo de informação que eu posso e devo ter destes alunos. E isso, de fato, faz com que vejamos estes alunos e alunas de forma diferente. Nilza Aparecida Forest, pós-graduada em Psicopedagogia, em seu artigo afirma que:

“ Quando se propõe a trabalhar com crianças bem pequenas, deve-se ter como princípio, conhecer seus interesses e necessidades. Isso significa saber verdadeiramente quem são, saber um pouco da história de cada uma, conhecer a família, as características de sua faixa etária e a fase de desenvolvimento em que se encontra, além de considerar o tempo que permanecem na escola. Só assim pode-se compreender quais são as reais possibilidades dessas crianças, lembrando que, para elas, a classe inicial é a porta de entrada para uma vida social mais ampla, longe do ambiente familia.”(pag. 1)

O peso da palavra estágio, também tem criado dúvidas em minha cabeça quanto a “o quê “e “como” ensinar, principalmente por estar assumindo uma turma que já vinha fazendo sua caminhada com outra professora.

Trabalhar com educação infantil, não é o mesmo que com outros níveis de ensino. Temos planos de estudo, mas não temos conteúdos mínimos, cronograma de tarefas, avaliações quantitativas, aprovações ou reprovações. Essa flexibilidade e liberdade de atuação, se não for muito bem compreendida e trabalhada pelo educador, pode nos tirar do foco de trabalho e nos conduzir pelos caminhos do simplismo, da irresponsabilidade e do desrespeito aos educandos da primeira infancia.

É bastante comum encontrarmos pessoas que pensam na educação infantil como um local aonde as crianças só vão par ficarem “guardadas” em segurança até o retorno dos pais e o que é feito lá, em nada se compara a ESCOLA, pois apenas “brincam” e não “APRENDEM”.

Esse tipo de pensameto, muita vezes é propagado pelos próprios educadores infantis, que desvinculam o “educar e cuidar” de uma prática pedagógica planejada para o pleno desenvolvimento da criança e da necessidade desta estar fundamentada numa concpção de infância, de criança e de aprendizagem. Nilza Aparecida Forest ainda nos coloca que:

Para o leigo em educação infantil pode soar estranho, ouvir que a instituição infantil é um direito da criança, como um espaço que ela sente prazer em freqüentar. Quem pensa assim vê esse ambiente como tendo mero caráter assistencialista, no qual apenas o cuidar é focalizado; considera a instituição infantil freqüentada apenas por crianças que foram deixadas lá pela família. Tal visão deve ser superada porque se revela preconceituosa e sem fundamentação diante da realidade em que se encontra e que, cada vez, mais se procura trilhar, que é a de garantir espaço para que a criança possa ter os seus direitos respeitados e, entre eles, o de viver a infância.”

No entanto, sabemos da importancia do brincar para formação e desenvolvimento social e cognitivo das crianças e precisamos estar muito mais que atentos, mas preparados para a todo o momento que esta prática infantil for quastionada em quanto fonte de aprendizagem, podermos debater, apresentar argumentos e resultados construídos a partir de nossas vivências de sala.

“Brincar é, sem dúvida, uma forma de aprender, mas é muito mais que isso. Brincar é experimentar-se, relacionar-se, imaginar-se, expressar-se, compreender-se, confrontar-se, negociar, transformar-se, ser. Na escola, a despeito dos objetivos do professor e de seu controle, a brincadeira não envolve apenas a atividade cognitiva da criança. Envolve a criança toda. É prática social, atividade simbólica, forma de interação com o outro. Acontece no âmago das disputas sociais,implica a constituição do sentido. É criação, desejo, emoção, ação voluntária “(Fontana & Cruz, 1997, p. 139).

Seguindo em minhas investigações de turma e utilizando-me dos diversos estudos realizados sobre projetos, solicitei que as crianças escolhessem cada uma, algo sobre o qual gostaria de saber. Surgiram coisas muito interessantes e embora, ainda não tenha certeza de como vou desenvolver os trabalhos, pude perceber o quanto eles estão amadurecidos e propondo temas diversificados, o que me dá a certeza da possibilidade de desenvolver um trabalho que promete se não ótimos resultados, muitos desafios e descobertas para mim e meus alunos. Em APRENDIZES DO FUTURO: AS INOVAÇÕES COMEÇARAM! (pag. 18) encontramos:

“É certo que há muitos níveis nesse processo de construção. Mas, como ele tem início? Temos necessidade de pré-requisitos formais? Ou existe ummodo natural de construir conhecimento, acessível a uma criança pequena?

Destacamos anteriormente que a competência do aluno para formular e equacionar problemas se desenvolve quando ele se perturba e necessita pensar para expressar suas dúvidas e quando lhe é permitido formular questões que lhe sejam significativas, pois emergem de sua história de vida, de seus interesses, seus valores e condições pessoais.Não estamos então definindo graus de competência, mas um processo que precisa ser orientado.”

Bibliografia

· LÉA DA CRUZ FAGUNDES _APRENDIZES DO FUTURO: AS INOVAÇÕES COMEÇARAM!

· FONTANA, Roseli; CRUZ, Maria Nazaré da Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo. Editora Atual. 1997, 139p.

· Forest, Nilza Aparecida (Pós-Graduanda em Psicopedagogia) Weiss, Silvio Luiz Indrusiak (Professor orientador). CUIDAR E EDUCAR Perspectivas para a prática pedagógica na educação infantil - Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br.


Um comentário:

Catia Zílio disse...

Olá Salete!
Bom início de semestre e de estágio!
Teus apontamentos sobre a Educação Infantil são muito pertinentes e importantes de serem divulgados. Apesar de minha formação não ter sido especificamente nesta área, já trabalhei com turmas de Maternal II e após a faculdade o descaso e pouco valor dado à Ed. Infantil sempre foi incomodo para mim. Por isto, acredito que o melhor jeito de dar a Ed. Infantil o merecido valor é preciso que, a começar pelas educadoras, seja dada a visibilidade a importância do trabalho desenvolvido.
Neste teu registro, consegues fazer isto muito bem, na medida em que relacionas tuas experiências aos referências teóricos. Entretanto, solicito que em tuas próximas postagens procure aprofundar ainda mais na reflexão sobre as tuas aprendizagens.
Abraços, Cátia